...
                                                                     [4]      



          Khali ficou pensativa após saber que Lorda'nel poderia não ser quem aparentava que era. Se ele estava envolvido com os pais de Lothar'a, coisa boa não seria. Khali sentou-se mais ao alto do Santuário das Duas Luas para pensar e então, sorrateiramente, Lorda'nel aparece.
          - Olá, Khali.
          - Lorda'nel! - Khali se assusta - O que veio fazer aqui? É muito perigoso pra você. - disse, engolindo a seco.
          - Vim lhe fazer uma visita.. - Lorda'nel se aproximou - E eu não pude deixar de notar, que você estava conversando com Lothar'a...
          - Onde você estava nos observando? - Interrompeu.
          - Lá de cima. Estava sobrevoando. Ela está bem? Me parecia.. pertubada.
          - Ela me disse algumas coisas sobre você, não concretas, mas ela mencionou..
          - Mencionou o quê, exatamente?
          - Algo relacionado entre você e os pais dela. Não entrou em detalhes. Apenas disse que não seria ela que me contaria quem realmente é você. - Khali olhava fixo para Lorda'nel,
          - Bem... - Lorda'nel suspirou. - Irei lhe contar o que aconteceu.
          Khali sentou-se no telhado para ouvir atentamente.
          - Há anos atrás, Aliança e Horda disputavam territórios, enquanto Illidan os dominava, em Terralém. Entre facções, poucos se entendiam, assim como Thrall e Jaina. E por conta deles, conheci os pais de Lothar'a. Grandes guerreiros, orcs fortes. Eram um dos casais mais respeitados de toda Azeroth. Sempre lutavam ao lado de Thrall. E eu, ao lado de Jaina.
          - Saiba que nem Lothar'a sabe dessas coisas. - Khali vez um breve comentário.
          - Eu sei... Ela ainda era uma criança. Por isso estou confiando em você, que isto não saia daqui.
          - Não sairá. Prossiga.
          - O nome deles eram Loh'ra e Drahn'osh. Eram como unha e carne. Inseparáveis. Loh'ra não voltaria para o chamado de guerra se não fosse Drahn'osh. Ela tinha dito à Thrall que se dedicaria na vida de Lothar'a e que não poderia mais se arriscar. A guerra estava ficando feia, os exércitos não eram fortes o bastante. Foi aí então que Thrall e Drahn'osh imploraram para que Loh'ra fosse, pela última vez. E ela aceitou. Com os três, tudo dava certo para a Horda. Porém, na Aliança, haviam os que os invejavam, os que queriam acabar com eles de uma vez. Foi aí que o plano foi elaborado, para sabotar Loh'ra e Drahn'osh.
          - Quem elaborou o plano e qual era?
          - Meu irmão. O plano dele era aniquilá-los, pois ele não aceitava o fato de que orcs teriam a honra de Azeroth e Terralém inteira. Ele quem queria isso. Eu era o mais jovem da família, não pude opinar. Tentei avisar Jaina, Thrall... Mas não deram ouvidos. A imagem do meu irmão, para eles, era boa. Lerne'del planejou em atacá-los quando Loh'ra e Drahn'osh menos esperavam. Dito e feito, Lurn'del os pegou quando estavam feridos. A força de dois guerreiros não foi o bastante para parar a inveja e a ambição de um paladino. Eu estava lá, presenciei tudo.
          - Covarde... não tentou impedir?
          - Ele quem foi covarde. Eu não pude fazer nada. Na hora, não consegui impedir, foi tudo muito rápido. Como eu já disse, eu era muito jovem, aprendiz do meu irmão. E eu quase o matei, depois do ocorrido.
          - Se não foi você... Por que Lothar'a acha que foi?
          - Lothar'a, como mencionei, era uma criança. Lurn'del sumiu, depois de ter matado os dois maiores guerreiros de Azeroth, por motivos óbvios: ele seria condenado à morte. Eu não sei o paradeiro dele, não sei se está vivo ou morto. E nem quero saber. Eu, Jaina e Thrall enterramos Loh'ra e Drahn'osh, com muita cerimônia. Azeroth inteiro estava em luto. E claro, a notícia chegou rapidamente para Lothar'a, que não conseguia entender bem. Só realmente entendeu quando viu que eles não voltaram e não voltariam mais para casa. Porém, alguém falou para Lothar'a que quem os matou, foi eu, e não Lurn'del. Cheguei a ir pessoalmente, depois de um tempo, falar com Lothar'a, mas não me ouviu.
          Khali ficou sem reação. Ela sabia que Lurd'nel estava vivo ainda, mas não sabia que era irmão de Lorda'nel. E o pior: Lurd'nel foi quem Lothar'a era absurdamente apaixonada.

                                                                          [...]
                                                                            3

           Santuário das Duas Luas. Lar da Horda no continente de Pandária. Uma cidade repleta criaturas de todas as raças. Ponto de encontro de amigos. Khali, após voltar de seu passeio diário, procura por algum de seus companheiros, olhando por cada parte da cidade, porém dentro dela não achou ninguém. Foi para fora e olhou para cima. Avistou uma em especial, Lothar'a, sua amiga de anos, que estava no telhado, com um ar de preocupação. Khali subiu em sua montaria e foi na direção de Lothar'a.

           - O que faz sozinha aqui em cima? - Chegou pousando suavemente ao lado dela.

           - Khali! - Abraçou a amiga - Há quantas luas não nos vemos? 

           - Não faz tanto tanto assim, não lhe vejo desde que descobriram essas terras... Mas garanto que tenho muito o que contar!

           - Pois comece já! Pra mim está tudo tão monótomo, até parece que parei no tempo. - Lothar'a sentou-se.

           - Bem... Conheci alguém muito... Sangue bom. - Khali sentou-se logo em seguida - Porém, há uma coisa muito diferente entre nós...

           Era extremamente notável a mudança da expressão facial de Lothar'a.

           - Que diferença seria?

           - Facções. - Khali olhou ao longe, em direção do Santuário das Sete Estrelas, lugar da Aliança.

           - Eu... - Lothar'a suspirou - Eu não consigo acreditar. Como, quando e por qual motivo vocês se conheceram?

           - Acalme-se... No nosso primeiro encontro ele tentou me matar, mas nada de tão grave, apenas me pegou de surpresa. Bastou um olhar fixo e pronto, alguma força estranha circundou os dois.

           - "...ele tentou me matar, mas nada de tão grave." Você enlouqueceu, Khali?! Isso explica a bandagem no seu braço.

           Khali preferiu ignorar e prosseguiu.

           - Nada demais aconteceu conosco, apenas isso. Ficamos trocando olhares um tempo após ele cuidar do meu braço e decidimos seguir nossos cominhos.

           - Olhe, Khali. Eu o vi. Aliás, eu os vi. 

           - Então se viu algo, sabe que não estou mentindo. Não teria o porquê.

           - O problema é que tem muita coisa que você não sabe dele. E nem ele de você.

           - Depende da informação. Nós conversamos muito! - Khali sorriu.

           - Você só complica a situação. - Franziu a testa - Que tipo de informação, Khali'thar?

           - Poucas, irrelevantes... Agora, eu te pergunto, por que toda essa preocupação e essas perguntas?

           - Caso não se lembre, tive um caso parecido com o seu. Só que não terminou nada bem.

           - Mas Lothar'a, sua situação foi à anos, acha que Lorda'nel seria igual ao...

           - NÃO! - Lothar'a interrompeu - Não mencione este nome. - Disse pausadamente - Não devemos entrar nesse delicado assunto. - Olhou diretamente para os olhos de Khali - Você deve apenas tomar cuidado, só isso que lhe peço. Não sou eu quem vai dizer quem Lorda'nel é.

           - Você o conhece, então?

           - Sim. De longa data. - Suspirou - Com todo respeito, Khali, eu não quero entrar em detalhes.
           - Por quê? É algo que eu não poderia saber? 
           - Não... É algo que eu não quero lembrar. É algo relacionado com meus pais. - Murmurou, olhando para baixo.
           Khali não havia respostas.
           Os pais de Lothar'a eram guerreiros. Lutavam ao lado de Thrall, junto com mulhares de outros guerreiros. Tudo era pela Horda. Até que um dia eles nunca mais voltaram para cuidar do que era mais precioso para eles. Lothar'a não sabe ao certo o que realmente aconteceu. Mas sabe fragmentos de histórias.
           Lothar'a levantou voo e seguiu para a Selva de Krasarang.
           - A gente se vê depois, Khali.

                                                                          [...]
                                                                            2



           Khali'thar, mais conhecida como Khali, é uma maga trollesa da tribo dos Lançanegra. O mundo não a conhece, porém ela conhece o mundo. Já passou por muitas situações que lhe renderam muitas experiências. Guarda muitos segredos consigo, tendo que ter sempre o máximo de cautela que conseguiria ter.
           Seus cabelos azuis e volumosos não deixavam-na passar despercebida. Por onde ela passava, se havia alguém, era notada. Houve tempos em que foi perseguida por saber coisas demais. Khali adora um lugar em particular, o Vale das Flores Eternas, localizado em Pandária. Ela sabia que ali, antigamente, foi palco de uma batalha sangrenta, na qual um de seus principais guardiões hoje em dia é resultado do que restou daqueles que ali caíram.
           Sentou-se à beira do Lago da Pétala Branca para admirar a linda paisagem que ali a proporcionava. A única coisa que se ouvia eram os pássaros cantando junto com o vento e a água da correnteza seguindo seu fluxo. Quando se sentia à vontade, Khali não ligava para o que acontecia em volta, apenas uma coisa chamou sua atenção: um cheiro estranho. Rapidamente, agachou-se em um arbusto e tentou localizar de onde viria tal odor. Ela pensou em ter visto um ser do outro lado do lago, com orelhas pontudas, porém não seria um elfo-sangrento, era grande demais para ser. Resolveu então mover-se para outro arbusto com cautela para melhorar a visão, porém, pisou em um galho, no qual fez um estalo que ecoou por dentre as árvores. Ela poderia levantar voo, mas a curiosidade era maior. Estava tão entretida tentando rever aquele ser que nem notou sua presença logo atrás.
            - Ora, ora, ora... Uma trollesa, sozinha. É uma pena. - Com um tom de voz maldoso, o ser estava parado exatamente atrás de Khali, pronto para atacá-la.
            Khali virou-se rapidamente e quase teve a cabeça arrancada, porém seu braço levou um grande corte.
            - Tinha que ser da Aliança. - Teleportou-se à uma pequena distância - Não será hoje, paladino.
            Ela não tinha muito o que fazer. No máximo tentaria cravar uma batalha e sairia sem cabeça. Decidiu tentar se esconder novamente para pegá-lo na espreita, mas havia o perdido de vista novamente. Conseguiu um local na beira do rio que aparentemente era seguro. Se aproximou da água para lavar seu rosto e seu braço. Fechou os olhos, colocou as mãos na água formando uma pequena concha para transportar o líquido até seu rosto. Foi só abrir os olhos novamente e olhar no reflexo. Ali estava ele, pronto para encravar sua espada nas suas costas. Ela, por sua vez foi rápida, tirou seu cajado e o impediu, cruzando as armas. Foi então que ambos se olharam de verdade. Sem explicações visíveis, o ser diminuiu sua força, abaixando a espada.
            - Termine o seu serviço, draenei. Você conseguiu uma presa.
            - Não irei matar você. Por mais que meu trabalho fosse esse, algo me diz que não devo matá-la. - Estendeu sua mão - Venha, já que eu causei tudo isso, eu lhe ajudo.
            Khali aceitou a mão "amiga" e levantou sem nenhum esforço.
            - Fiquei impressionada o quão fortes e frios vocês paladinos conseguem ser!
            - E eu fiquei impressionado como você é curiosa. - Olhou para o alto - O que fazia aqui sozinha? Se fosse qualquer outro sanguinário no meu lugar, você não estaria viva.
            - Bem... Gosto deste lugar. Me sinto à vontade para pensar. Porém uma criatura, na qual não se apresentou ainda, chamou minha atenção e deu no que deu. - Riu.
            - Acho cedo para apresentações, mas sou Lorda'nel. - Fixou os olhos em Khali - E sua graça, qual é?
            - Sou Khali'thar, mas me chamam de Khali... O seu nome não seria de uma cidade? - Khali era muito desconfiada, ainda mais conversando com um membro da Aliança.
            - Sim, na verdade é. Foi uma homenagem que meus pais fizeram. Eles nasceram lá. - Sorriu ao lembrar que um dia teve pessoas que amava e logo após, engoliu a seco. - Nunca falei isso a ninguém, por que falei para você... ? - Um silêncio predominou. Os sentidos aguçados de Lorda'nel puderam sentir presenças ali por perto. - Escute, Khali, sem muitas perguntas agora, mas precisamos ir para algum lugar mais tranquilo do que este. - Disse, transformando-se em um gigante dragão verde com detalhes em ouro nas asas, cabeça e ponta do rabo. - Venha. Suba.
            Sem pensar, Khali subiu e, quando ela menos esperava, Lorda'nel já estava no ar, seguindo para o Monte Kun-Lai. Ele voava tão rápido, que nem a paisagem ao redor Khali conseguia ver.
            - Agora pode me falar o que está acontecendo?
            - Mais presenças além de nós. Tenho certeza de que isso não seria bom nem pra você e nem pra mim.
            - É, com toda certeza. - Khali sorriu.

           

            Lorda'nel pousou na montanha mais alta do Monte Kul-Lai, transformou-se novamente na sua forma normal, descendo suavemente Khali de sua garupa.
            - Agora podemos conversar e, se você quiser, se conhecer melhor. - Lorda'nel se sentou em um pedaço de pedregulho congelado.
            - Qual foi sua intenção ao tentar me matar?
            - Veja bem... Não era bem para lhe matar. - Lorda'nel olhou para o braço ferido de Khali - Pelos Deuses... Me perdoe. Deixe-me ver seu braço...
            - Não se preocupe, já parou de sangrar! - Khali tentou esconder, colocando a outra mão na frente do corte.
            Tirando algumas bandagens de sua armadura, Lorda'nel retrucou.
             - Mas está muito profundo. - Delicadamente, retirou a mão de Khali e começou a fazer um pequeno curativo - Me perdoe pelo vestido rasgado também. - Suspirou - Enfim, continuando, eu estava atrás de orcs... Você com certeza sabe, mas por causa do Garrosh. Mas há tanto tempo sem brigar de verdade com alguém, que quando lhe vi nem pensei duas vezes.
            - Orcs? Mas nem todos são cúmplices de Garrosh, garanto. Eu confesso, já matei alguns também. Porém conheço uma grande parte que se rebelou contra ele.
            - Você parece saber de muitas coisas... - Lorda'nel parecia impressionado.
            - Olhe... - Khali se sentiu desconfortável com o comentário - Já passei por muitas coisas... Dentre elas, criaturas que tentaram me matar por coisas que eu sei... - Cruzou os braços - E não faço idéia do por que eu te falei isso. Você pode ser um deles, de novo.
            - Não quero que pense que vou te matar por causa disso, até porque eu não fazia idéia. Desculpe por me expressar mal. - Lorda'nel encarou-a - Mas você é tão diferente de todos que já conheci...
            Khali sentiu certa confiança nas palavras que ele acabara de falar. Caminhou em sua direção e sentou-se ao lado, olhando fixamente para os olhos dele.
            Lorda'nel pegou uma de suas mãos e sobrepôs na dele. Eram iguais, tirando o fato de que a dele era muito maior.                  
            Ambos nunca haviam se sentido tão à vontade um ao lado do outro. O que já era muito estranho, afinal, criaturas de facções inimigas não se misturavam fácil assim. Permaneceram por horas, naquela posição.

                                                                         [...]

                                                                           1

             O Continente de Pandária era simplesmente lindo, repleto de recursos naturais, dentre eles, terras férteis, clima agradável e animais nativo. Os Pandarens, aqueles que ali viviam por muitos e muitos anos, eram pacíficos. Haviam guardado os seus piores sentimentos, tais como raiva, orgulho e ódio, trazendo apenas a mais bela pureza que um sentimento poderia oferecer. São grandes sábios que entendem de lutas, jardinagem, cerveja e histórias, das quais se inclui o resto de Azeroth e Terralém. Porém, com a descoberta da Horda e da Aliança sobre estas terras e este povo, Pandária se tornou um lugar de guerra, onde a raiva, o orgulho e o ódio se libertaram. Vários Pandarens se uniram à forças da Horda e da Aliança e agora ambas facções brigam por conquistas territoriais pandarêmicas e enfrentam inúmeros obstáculos, dentre eles, Garrosh Hellscream, líder supremo da Horda. Em Azeroth, há muitas histórias para serem contadas.


                                                                        [...]

Em Construção.

Brevemente, um conto-ficcional será publicado em partes, sobre World of Warcraft. A história será baseada na LORE do jogo (com algumas modificações - não muito notáveis ao meu ver). Aguardem! :)